Uma intervenção cirúrgica é sempre uma iniciativa estressante. Há preocupações acerca do risco que todo procedimento cirúrgico tem. A anestesia é um dos maiores medos dos pacientes e de seus familiares.
Complicações neurológicas no período pós-operatório podem ter efeitos devastadores.
E, apesar da importância do sistema nervoso central, quase todos os recursos são desviados para outros sistemas, principalmente o cardiovascular.
O Delirium Pós-Operatório (DOP) é uma dessas complicações.
Delirium Pós-Operatório: o que é?
Um estudo publicado em 2008 na Revista Brasileira de Anestesiologia diz que “O delirium é uma síndrome que ocorre no pós-operatório com mais frequência em idosos, podendo durar dias ou semanas. A condição médica pré-operatória, o estado cognitivo, os fatores psicológicos e a idade podem predispor o paciente ao delirium. A prevenção é a conduta mais eficaz, uma vez que o tratamento após o quadro já instalado não apresenta um elevado índice de sucesso”.
O DPO frequentemente inicia na sala de recuperação pós-anestésica e pode ocorrer até cinco dias após a cirurgia.
Há uma incidência muito maior em pacientes idosos.
Delirium Pós-Operatório em idosos
Em regra, os idosos voltam da anestesia lentamente, com coerência na recuperação pós-anestésica e recebem alta sem intercorrências.
No entanto, até 36,8% dos pacientes cirúrgicos apresentam estado confusional após um período de lucidez. É um distúrbio transitório e flutuante da consciência, atenção, cognição e da percepção.
Em intervenções cardíacas de grande porte, esse índice chega a 47%, em operações ortopédicas de fratura de quadril nos idosos alcança 62%.
A taxa de mortalidade é de 13%, mas cerca de 72% dos idosos com DPO morrem dentro de cinco anos após o procedimento cirúrgico, contra 34,7% dos que não têm o distúrbio.
Como evitar o Delirium Pós-Operatório?
A prevenção do delirium é sabidamente a estratégia mais eficaz para reduzir sua incidência e a mortalidade associada a essa complicação anestésico-cirúrgica, uma vez que o tratamento após o quadro já instalado não apresenta um elevado índice de sucesso.
Uma abordagem multifatorial dos fatores de risco pré-cirurgia e o uso adequado de anestésico são as estratégias apontadas por uma pesquisa publicada em 2008 pela médica neurologista Jerusa Smid.
O uso de um monitor padrão para o cérebro ou outras estruturas neurais durante a cirurgia e a anestesia é a maneira mais bem-sucedida de evitar o DPO.
A monitorização cerebral tipo BIS é um monitor do nível de consciência que faz uma avaliação direta dos efeitos dos anestésicos no cérebro, através da leitura da atividade cerebral do córtex frontal. Um algoritmo traduz a leitura em um número clinicamente testado no intervalo de 0 a 100, para indicar o nível de consciência.
Esse sistema de monitoramento cerebral é usado para determinar e administrar a quantidade precisa do medicamento anestésico. A monitorização com o Bis possibilita realizar uma anestesia/ sedação personalizada e segura, evitando a overdose, com redução do consumo de drogas, do consumo de oxigênio, de náuseas e vômitos no pós operatório e de distúrbios cognitivos e delirium.
Graças ao aumento da longevidade da população, cada vez mais pacientes idosos são submetidos a procedimentos cirúrgicos. Embora o impacto da anestesia nesses pacientes seja pouco compreendido, é sabido que o aparecimento do delirium pós-operatório é um problema sério, que pode evoluir para deficiência cognitiva permanente e aumento da mortalidade.
É direito do paciente solicitar ao seu cirurgião e anestesista a verificação da necessidade de uso do monitor do nível de consciência tipo Bis em seus familiares idosos que serão submetidos a procedimentos cirúrgicos de grande porte, principalmente os procedimentos que constam no Parecer 30/2016 do Conselho Federal de Medicina.
É um dever do seu Plano de Saúde autorizar, disponibilizar e atender à solicitação que esteja de acordo com as recomendações e individualidade de cada paciente idoso.