Em 2017, a BBC News contou a história de Donna Penner, uma canadense que acordou da anestesia durante um procedimento simples, uma laparoscopia.
Donna não conseguia se mexer, pois tinha recebido um bloqueador neuromuscular que provoca paralisia, para que os médicos pudessem realizar o procedimento sem resistência.
Embora ela não fosse capaz de abrir os olhos ou se comunicar, ela podia ouvir tudo o que era dito, e sentir absolutamente tudo, durante os 90 minutos de cirurgia.
Essa experiência a deixou com todos os sintomas de estresse pós-traumático: pesadelos recorrentes, ansiedade, insônia e pavor noturno.
O que aconteceu com Donna é incomum, mas não é um caso isolado.
Consciência Intraoperatória Acidental
The Royal College of Anaesthetists realizou uma pesquisa em setembro de 2014 onde divulgou que mais de 150 pessoas por ano no Reino Unido e na Irlanda relataram ter recuperado a consciência durante uma cirurgia, apesar de terem recebido anestesia geral, e chegaram à conclusão de que isso ocorra uma vez a cada 19 mil operações.
Esse fenômeno, de acordar durante uma cirurgia, é denominado Consciência Intraoperatória Acidental (CIOA).
Como evitar a Consciência Intraoperatória Acidental (CIOA)?
O anestesista Enis Donizetti, que é Diretor de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), é coautor do artigo publicado pela Revista Brasileira de Anestesiologia em 2015, que aponta diretrizes e estratégias que precisam ser adotadas para a segurança do paciente caso ocorra a CIOA.
Por causa das evidências científicas mostradas pela pesquisa, o Conselho Federal de Medicina decretou a recomendação do uso de monitorização cerebral tipo BIS.
O BIS é um monitor do nível de consciência dos pacientes submetidos à anestesia ou sedação. Ao fornecer informações sobre os efeitos diretos e específicos do paciente da anestesia no cérebro, o sistema de monitoramento cerebral ajuda os médicos a determinar e administrar a quantidade precisa do medicamento anestésico para atender às necessidades de cada paciente individualmente, de forma segura e eficaz.
Uma pesquisa de 2009 descobriu que a incidência da inadequação da sedação em UTI pode chegar a valores elevados, como incidência de overdose em 40 a 60% dos pacientes e incidência de subdose de sedação em 33 a 57%.
Como funciona o BIS?
O BIS faz uma avaliação direta dos efeitos dos anestésicos no cérebro, através da leitura da atividade cerebral, como um eletroencefalograma do córtex frontal. Um algoritmo traduz o EEG em um número clinicamente testado no intervalo de 0 a 100, indicando o nível de consciência.
Utilizado no centro cirúrgico para monitorizar o nível de profundidade anestésica para pacientes submetidos à anestesia geral e também nas UTI, onde é aplicado para monitorização do nível de sedação.
A monitorização com o Bis possibilita realizar uma anestesia/ sedação personalizada e segura, evitando a subdose – com prevenção do despertar intraoperatório e memória implícita/ explícita – e evitando a overdose, com redução do consumo de drogas, do consumo de oxigênio, de náuseas e vômitos no pós operatório e de distúrbios cognitivos e delirium.
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